segunda-feira, 6 de agosto de 2007

.Santo de casa não faz muuuuuulagre.

Vinho do Porto nunca lhe caía bem, ainda assim, aceitou todas as taças que lhe foram oferecidas, antes de ter que tomar, urgente, um Plasil®.

Remédio para enjôo nunca lhe caía bem, por isso, sorriu ardentemente para Don'Ana, antes de abrir seu coração quanto ao amor que sentia pelas bovinas de Seu Roberto: "sempre vistosas e com aquelas ancas largas", dizia o pobre entorpecido.

Guardar segredo não era o forte daquela cidade, pequeníssima no meio do Vale do Paraíba, no entanto, abriu-se uma exceção antes que o Padre, assaz respeitado e influente politicamente, sofresse linchamento. Guardado o segredo, nunca mais o deixaram chegar perto das vaquinhas leiteiras de Seu Roberto, ou de qualquer outra, ainda que do presépio; dizem até que o 'Muuu' das Mimosas começou a soar diferente.

Antes Mu agudo pedindo socorro, agora Mu grave, aliviado.

quinta-feira, 12 de julho de 2007

.Noir Marie.

Na revista do "chique é ser inteligente" as mulheres encontram tudo de necessário para serem, de fato, inteligentes. Essa leitura multidisciplinar traz conhecimento infinito!

É bem verdade que Biologia, Física e Química estão representadas nos artigos da volta da moda da oncinha, naquele das ondas do Verão, e no artigo sobre os 10 melhores hidratantes para unha do pé. Matemática encontramos aos montes na sessão de Economia Doméstica.
Português, então... Alô! Tem até Caderno especial, com os Certos e Errados (Certo com 'CÊ', Errado com dois 'ERRES').

Aposto que não esperava por essa, mas Geografia e História estão lá também! A gente aprende para quais lugares do mundo viajar, para aliviar o estresse dos filhos pequenos e do marido mala, dançar a salsa e beber ate cair; aprendemos sobre a História de vida daquelas personalidades que influenciaram positivamente na sociedade contemporânea: Elas acabaram com a fome do mundo! Conseguiram a paz mundial... Tudo isso por terem lido o 'Pequeno Príncipe'.

E as aulas de Educação Sexual da parte lacrada da revista? Ensinamentos importantíssimos, ainda mais no mundo onde o HIV ronda os lares. Por isso que Marie ensina "como satisfazer o seu homem em 5483875 passos simples".

Isso sim é revista feminina! Mágica. Maravilhosa. Possibilita o desenvolvimento mental das mulheres nesta sociedade machista, sendo que não queima sutiã nenhum...

...Ela sabe que eles são caríssimos!

Noir Marie, chique é viver no ar.

domingo, 10 de junho de 2007

.High Society.

.High Society.

Alice passava seus dias de 12 anos de idade sonhando em se tornar uma... bem, nada. A mãe casou-se com o dinheiro do pai e este morreu ao desconfiar que sua filha, na verdade, seria fruto de um caso de sua esposa com duas notas de cem. Criada pela rigidez da mãe, a ela foi vetada a possibilidade de conhecer o gosto de doces e laticínios. Alguns dizem até que naquela casa só se comia capim, mas não sei se era uma afirmação a respeito da alimentação ou da conduta social.

Seus sonhos de 12 anos se resumiam em três, queria duas Mercedes e um Tanquinho. Batalhadora que só ela e seguindo os passos de sua mãe, premiada educadora, agarrou todas as cuecas ou possibilidades que lhe permitiram alcançar o patamar do hoje.

A primeira Mercedes foi repassada pela mãe. Tinha uns 45 anos de idade, 45 bolhas e calos nas mãos. Era doméstica e seu lugar era a cozinha. A segunda ganhou de seu primeiro marido. Era automóvel e merecia a lua, mas ficava bem na garagem climatizada. Seu último desejo, por fim, o Tanquinho, chegaria um pouco mais tarde. Ele era o filho da primeira Mercedes e logo voltaria do exército. Ouvi dizer que tinha esse apelido pela semelhança das ondulações de seu abdômen com aquelas dos tanques de lavar. A volta de Wladimir, o Tanquinho, seria marcada pelo posterior funeral de Roberto, marido de Alice, conhecido político da cidade Sorriso do Sul da Ponte, o doador da segunda Mercedes e também do gabarito da prova da magistratura. Coincidência ou não, no dia anterior Alice havia saído para lavar roupa fora porque o tanque de sua casa estava quebrado. "Esse tanque está quebrado há 2 semanas", dizia ela ao sair de casa sem o trouxa de lavar, "meu corpo está pedindo roupas limpas com sabão em pó multiuso e um tanquinho eficiente."

Com 22 anos, Alice já possuía tudo o que queria aos 12. Só que com a idade vieram mais sonhos de se tornar... bem, nada. Na sua casa, ainda viviam as duas Mercedes e o Tanquinho, agora jardineiro (função que aprendera enquanto militar), mas ela esperava mais e por isso passou pouco tempo guardando o luto com os amigos em noitadas regadas à vodka internacional. Na 12ª noitada conheceu Roberto. Não era nada parecido com o defunto, tirando o cabelo grisalho. O novo velho Roberto tinha uma ex-mulher hippie, nenhum filho e três vezes o patrimônio do velho velho Roberto. Dessa vez seria mais esperta. Não casaria. Só celebraria um contrato de união estável, pois teria quase as mesmas garantias e poderia ser quebrado facilmente. Esse era o cara que viveria o resto de sua vida.

Quando os pombinhos completaram 5 anos de união, na data do aniversário do segundo Roberto, Alice o buscou no trabalho com sua segunda Mercedes. Passearam na orla de Sorriso do Sul da Ponte por meia-hora até chegarem à famosa Maison da cidade. Surpresa! A esposa dedicada havia lhe preparado uma festa. Como ela era boa, pensava o marido, e as coisas em casa nem estão fáceis, afinal seus 70 anos não o permitiam lavar roupa com tanta freqüência.

A festa foi ótima. Sucesso. Alice sabia dar festas. Tudo do mais caro e em abundância. O dono do bufê só se espantou com o cartão de crédito. Nunca ela tinha dado o seu próprio em pagamento de nada. Finalmente essa menina tomou rumo na vida, sussurrava ele ao pé do ouvido de Tanquinho, agora garçom. Alice era só sorriso e emocionada fez um discurso para o seu amor. Chamou-o de pai, irmão, amigo e amante na frente de todos e para quem quisesse ouvir. Não foi à toa que o pedido de separação somado a um litígio judicial contra Roberto, soou tão estranho.

Nos autos do processo, Maria Alice Souza Albuquerque e Soares reclamava a importância de hum milhão de reais, duas Mercedes e um tanquinho. As duas Mercedes e o tanquinho eram os mesmos que possuía antes e o milhão era por danos morais. Danos morais causados por Roberto ao final daquela festa surpresa.

Ele foi pego dentro da segunda Mercedes, dentro da primeira Mercedes e com o Tanquinho, agora gay, dentro dele.